Louvor bem Orquestrado
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Quando se fala a respeito de diversidade musical na igreja, geralmente a ênfase recai sobre a incorporação de estilos mais contemporâneos. Porém, nem sempre a música sacra tradicional é lembrada. Estaríamos também esquecendo que a diversidade musical inclui a música instrumental? Esta e outras questões são analisadas a seguir pelo professor e músico Vinícius Panegacci, maestro da Orquestra Sinfônica do Unasp, campus Hortolândia (SP). Paulistano, ele é graduado em Composição e Regência pela Universidade Estadual Paulista e cursa mestrado em orquestração na mesma instituição.
A música puramente orquestral tem base bíblica?
Em
nenhum momento a Bíblia imputa à música a obrigatoriedade de um texto
literal como validação de um louvor aceitável. Aliás, o salmista exorta
a louvar a Deus também com instrumentos de corda e flauta, com adufe,
saltério e címbalos (Sl 150:3-5)
Além da música instrumental em si, as orquestras podem atuar no acompanhamento das vozes da congregação. As Escrituras também mencionam esta função dos instrumentos musicais?
Em
1 Crônicas 23:5, o rei Davi separa para o tabernáculo 4 mil homens para
adorar ao Senhor com instrumentos. Posteriormente, essa orquestra é
usada por Salomão no templo; ela incluía trombetas, alaúdes, harpas e
címbalos, entre outros instrumentos. A certa altura do louvor, o templo
se encheu da presença de Deus em forma de nuvem (2Cr 5:14), indicando
Sua aprovação.
Houve períodos em que quase nenhum instrumento era admitido nos templos. Em que momento isso começou a mudar?
O
conceito fundamental de orquestra (como um conjunto de diferentes
instrumentos) reencontrou a igreja cristã a partir de meados do século
16. Isso ocorreu como parte de uma arquitetura complexa do som que vinha
sendo construída desde o advento da polifonia sacra séculos antes, numa
representação da própria complexidade e beleza do Criador, junto com a
escala impressionante das catedrais, sua acústica e vitrais. Essa união e
aprimoramento de diferentes artes tinham o objetivo de simular o
intangível ambiente celeste.
Qual é a realidade dos grupos orquestrais no meio adventista?
Há
vários músicos de orquestra no contexto da igreja (profissionais,
amadores e estudantes) e há um crescente número de jovens se formando
nas melhores universidades de música e conservatórios. Há também um
gigantesco quórum de cantores e coralistas voltados à belíssima música
de linha tradicional protestante. No início de 2020, o Unasp, campus
Engenheiro Coelho (SP), reuniu uma grande quantidade de músicos de
orquestra e cantores no festival UNAMUSI. E no campus Hortolância temos
uma orquestra formada por professores, alunos e membros da comunidade
que realiza concertos de música erudita, ao mesmo tempo que atua nos
serviços de culto.
Por que ainda vemos situações em que se restringe a música dos instrumentos orquestrais nos templos?
É
interessante que o recorrente discurso da “necessidade de diversidade
cultural no templo” não se aplique geralmente à música de orquestra,
muito menos à música de linha tradicional protestante. Há, inclusive,
quem argumente que a música instrumental na igreja promova a
irreverência da congregação e, por isso, não deveria ser utilizada. Ora,
como pode o músico que está reverentemente louvando a Deus ser o
culpado pela irreverência de uma congregação? Esse argumento não
encontra base na Bíblia, na história, tampouco no bom senso.
Como promover a diversidade musical apropriada na igreja?
As
congregações devem abrir espaço à música instrumental e aos que desejam
cantar uma melodia tradicional. Além disso, como instituição, nossas
rádios, canais de TV e gravadoras podem contemplar, em suas produções, a
variedade de repertório e formações instrumentais que temos.
Última atualização em 20 de agosto de 2021 por Márcio Tonetti.